sábado, 30 de abril de 2011

Entre príncipes e tesoureiros, nós somos os bobos! - Mensalão do PT

Enquanto o mundo olha para o casamento de um aparente bom rapaz, membro da realeza britânica, a nossa república promove uma festa a fantasia às escuras nos porões do partido da nossa presidenta Dilma, onde no nosso convite, somos obrigados a vestir a indumentária de bobos-da-côrte!

Enfim, a sequência da trama do Mensalão do PT é descortinada com uma das recompensas públicas ao mártir tesoureiro.

É sabido que em situações de flagrantes e denúncias sobre corrupção, é necessário eleger um "boi de piranha" para ser devorado pela opinião pública, que é direcionada conforme o tamanho da voracidade dos interesses da midia.

Delúbio Soares, ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, expulso em 2005 pelo descuido de ter sido descoberto ao ser agraciado com um carro de presente, teve a sua refiliação aprovada à legenda nessa sexta-feira, 29/04/2011, pelo diretório nacional do partido.

Ainda me lembro, quando na adolescência, eu era bombardeado pelos professores das escolas públicas, declaradamente petistas, com os ideias socialistas e de equidade social. Observo com uma certa desesperança o que ocorreu com o partido feito por trabalhadores para lutar pelos trabalhadores, cujo o principal mecanismo de luta, era a denúncia contra a corrupção na política brasileira.

É! Eu já me vesti de vermelho, acreditando estar militando por um Brasil melhor, livre do vampirismo político e de todos os nepotismos e sangrias dos recursos públicos que estamos acostumados a observar.

Me resta agora, continuar acreditando num país melhor, não mais com o romantismo ingênuo da adolescência, mas com a consciência de quem sabe que a corrupção no Brasil é cultural e que todo e qualquer brasileiro tem que vencer um exército dentro si mesmo, para não cair nas mesmas falhas e tentações dos nossos governantes.

Me resta agora, ser confortado pela belíssimas vozes da nova safra da música sertaneja. Me alegro muito ao ver no trio abaixo, não só a beleza, mas a evolução em vocal, letra e arranjos de uma das mais legítimas vertentes da musicalidade da nossa Tribo Tupiniquim.


terça-feira, 5 de abril de 2011

Racismo ainda é uma questão de auto-ignorância - Não nos enxergamos pelos nossos próprios olhos

Nós brasileiros, ainda temos muito que evoluir quando se trata em discernimento e senso crítico. Ainda somos muito influenciados pelas aparências, ou melhor dizendo, pela forma que aprendemos a enxergar as aparências. Aprendemos a enxergar as aparências pelo olhar da "classe dominante", utilizando um termo bem comum aos profissionais do serviço social. Infelizmente, pelo distanciamento físico e cultural que essa classe tem da maioria da população, a visão que nos é passada, é uma visão estereotipada e caricata.

Essa influência no interpretar do outro é tão antiga que pode ser vista desde a colonização, onde os nossos dominadores lusitanos determinavam o padrão de conduta e a aparência correta. A visão altiva dos novos donos do Brasil, confundia não só a inexistência de uma educação formal nos dominados, como sua revolta e rebeldia, com estupidez e inferioridade. Agravemos a isso, a depreciação natural que ocorre para com um povo colonizado e explorado, considerados de terceira classe: os indígenas e os escravos africanos.

Voltando aos dias atuais, percebemos a remanescência dessa forma de enxergar a aparência alheia, mesmo que diluída, em todos nós. Essa visão vem sendo reverberada de geração à geração, não só em expressões depreciativas, como na admiração gratuita pelo que a "classe dominante" determina ser o padrão. 

Precisamos realizar uma imersão em nossa identidade, precisamos exercitar o processo de auto avaliação, para só depois, aprendermos a exercitar a avaliação do outro de forma correta e sem influências fidalgas. Esse processo de mudança de paradigmas é lento e trabalhoso, uma vez que as métricas a serem descontruídas nos foram inseridas desde a infância.

Ao fazermos essa análise da sociedade brasileira, entendemos por que existem pesquisas que relatam que a maioria da população não se enxerga como racista, mas mesmo assim, apresenta diariamente atitudes de desconfiança e pré-conceito.

Apesar deste texto ser direcionado para construirmos reflexões sobre a discriminação racial e social, podemos estendê-lo para os pré-conceitos direcionados contra a mulher e os homossexuais.