terça-feira, 5 de abril de 2011

Racismo ainda é uma questão de auto-ignorância - Não nos enxergamos pelos nossos próprios olhos

Nós brasileiros, ainda temos muito que evoluir quando se trata em discernimento e senso crítico. Ainda somos muito influenciados pelas aparências, ou melhor dizendo, pela forma que aprendemos a enxergar as aparências. Aprendemos a enxergar as aparências pelo olhar da "classe dominante", utilizando um termo bem comum aos profissionais do serviço social. Infelizmente, pelo distanciamento físico e cultural que essa classe tem da maioria da população, a visão que nos é passada, é uma visão estereotipada e caricata.

Essa influência no interpretar do outro é tão antiga que pode ser vista desde a colonização, onde os nossos dominadores lusitanos determinavam o padrão de conduta e a aparência correta. A visão altiva dos novos donos do Brasil, confundia não só a inexistência de uma educação formal nos dominados, como sua revolta e rebeldia, com estupidez e inferioridade. Agravemos a isso, a depreciação natural que ocorre para com um povo colonizado e explorado, considerados de terceira classe: os indígenas e os escravos africanos.

Voltando aos dias atuais, percebemos a remanescência dessa forma de enxergar a aparência alheia, mesmo que diluída, em todos nós. Essa visão vem sendo reverberada de geração à geração, não só em expressões depreciativas, como na admiração gratuita pelo que a "classe dominante" determina ser o padrão. 

Precisamos realizar uma imersão em nossa identidade, precisamos exercitar o processo de auto avaliação, para só depois, aprendermos a exercitar a avaliação do outro de forma correta e sem influências fidalgas. Esse processo de mudança de paradigmas é lento e trabalhoso, uma vez que as métricas a serem descontruídas nos foram inseridas desde a infância.

Ao fazermos essa análise da sociedade brasileira, entendemos por que existem pesquisas que relatam que a maioria da população não se enxerga como racista, mas mesmo assim, apresenta diariamente atitudes de desconfiança e pré-conceito.

Apesar deste texto ser direcionado para construirmos reflexões sobre a discriminação racial e social, podemos estendê-lo para os pré-conceitos direcionados contra a mulher e os homossexuais.


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