terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Mensalão dos restaurantes nas viagens de ônibus

12:40 AM, horário de verão em Brasília, o ônibus estaciona em algum lugar no meio do nada. Um pequeno povoado parado no tempo. Entre a poeira e os tupiniquins locais, havia um estabelecimento que o motorista teve a cara-de-pau de chamar de restaurante.

Ok, eu explico. Tudo começou...

Após um ano de labuta, de muitos pagamentos de contas, de muito ônibus lotado e escândalos noticiados na nossa linda e "empoeirada" capital nacional, estávamos enfim, embarcando para as nossas desejadas e merecidas "férias de fim de ano". Sexta-feira, dia 18 de dezembro, eu, a patroa e Deus, embarcamos numa viagem de 36 horas rumo à Parnaíba, litoral piauiense.
Por não termos nos planejados com alguns meses de antecedência, a possibilidade de relizarmos o trajeto de avião se tornou financeiramente inviável. Então, optamos por uma viagem de ônibus.
Graças a Deus, conseguimos comprar passagens para as primeiras poltronas do ônibus, onde o espaço para esticar as pernas é um pouco maior, o que é um tremendo benefício numa viagem tão longa.
Conforme os caminhos foram sendo percorridos, algumas questões começaram a intrigar minha linda esposa. Ela começou a me questionar qual era o critério utilizado pelo motorista, ao escolher os restaurantes das paradas para as refeições e banhos, pois já percebia que não estávamos parando nos melhores locais. Eu expliquei para ela, que a corrupção não era uma exclusividade da classe política, e que existia um "esquema" para determinar os locais escolhidos para as paradas. Ela surpreendeu-se em ouvir que existia mensalão até para motoristas de ônibus de viagens interestaduais. Em sua santa ingenuidade, ela supunha que a empresa responsável pelo transporte, se preocuparia em escolher os melhores restaurantes (melhores comidas e melhores instalações) para um melhor conforto dos passageiros.
Foi quando chegamos à introdução deste post. Uma cidade, no interior do Piauí (não lembro o nome), onde a única placa existente dizia: TERESINA - 500 KM. De um lado, NADA! Absolutamente nada. Do outro lado, um posto de gasolina com uma pequena instalação. Ainda estávamos com a terrível suspeita de que o ônibus tivesse quebrado, e por isso, o motorista foi obrigado a estacionar naquele local fora do mapa, mas essa impressão foi subitamente interrompida pela realidade que era muito pior: - "Parada para o almoço de 30 minutos!" Avisou o motorista aos passageiros.
Descemos com aquela sensação de que o tempero e o preço deveriam compensar o embaraço da imagem, até sermos novamente, trazidos à realidade pela falta de opção no self-service e pela "bagatela" de R$ 18 pilas, o quilo.
Enfim, quem está na chuva é pra se molhar, mas como seguro morreu de velho, fui primeiro ao caixa perguntar se ele aceitava cartão da bandeira Redecard. O atendente meu olhou meio que tentando assimilar a minha pergunta e apenas apontou com o queixo o cartaz da bandeira VISA, esboçando um: - "Sim." Eu saquei o cartão, mostrei que se tratava de outra bandeira e insisti na pergunta. Novamente ele me olhou com uma cara de: - "O que esse cara tá dizendo???" E então, me despachou, repetindo o mesmo movimento com o queixo apontando para o cartaz da VISA dizendo: - "Não."
Resumo da ópera: Não tínhamos dinheiro para almoçar no estabelecimento que antes desdenhávamos. Aqui vai uma boa dica: LEVE DINHEIRO! CASH! DINDIN! Pouco, mas leve.
Ao retornarmos para o ônibus e nos confortarmos com um belo pacote de batatas fritas e refrigerante, observamos o motorista receber um tapinha nas costas acompanhado de um discreto envelope com sua comissão.
É isso mesmo!!
Bom, pensei bem em desabafar esse fato tão comum à todos aqueles que viajam de ônibus nesse nosso Brasilzão! Afinal, em época de tantos processos, tal exercício da livre expressão é visto como calúnia e difamação, até por que, para afirmar tal coisa, nós teríamos que ter filmado o motorista recebendo tal envelope. Vou deixar no ar se filmamos ou não. Só adianto, que a patroa estava de posse do seu celular, que possui dispositivo de filmagem. GRAÇAS A DEUS! A verdade é que na revisão desse texto, covardemente, retirei o nome da empresa de ônibus.
Essa é uma das muitas aventuras que estamos vivendo nessa viagem, até a volta, com certeza teremos mais posts.
Até lá!!

3 comentários:

  1. Não só o motô, mas os guias de turismo tb recebem comissão, isso não é ilegal(até onde fiquei sabendo no curso de guia de turismo), o problema é qdo o cara nao tem nenhum critério e aceita levar o povo em bodegas como essa. Há também a desconfiança de que esse seja o melhor lugar pra levar os passageiros.

    Só pra constar, 18,00 o quilo não é caro, se vc comer 400 gramas q é uma refeição de uma pessoa normal, você paga 7,20 que é menos que o número 1 do Mac Donald´s, se vc for lady como eu e comer 250 gramas vai pagar 4,50 que é menos que uma marmitex com a vantagem de não entulhar o arroz por cima do feijão e socar um bife por cima. =)

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  2. Hehehe... eu sabia que devia ter colocado a foto do estabelecimento nesse post... rs.. R$ 18 não é caro dependendo do lugar e da comida. :P

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  3. Sim, como eu disse, talvez esse seja o melhor lugar das redondezas... infelizmente.

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